Felizmente, existem os livros. Podemos esquecê-los numa
prateleira ou num baú, deixá-los ao pó e às traças, abandoná-los na escuridão
das caves, podemos não lhes pôr os olhos em cima nem tocar-lhes durante anos e
anos, mas eles não se importam, esperam tranquilamente, fechados sobre si
mesmos para que nada do que têm dentro se perca, o momento que sempre chega,
aquele dia em que nos perguntamos, Onde estará aquele livro? Que ensinava a
cozer os barros, e o livro finalmente convocado, aparece, está aqui nas mãos de
marta enquanto o pai e o livro, finalmente convocado, aparece.
José Saramago em A Caverna,
Legenda: pintura de Félix Vallotto
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