Carta de Saramago, datada de 22 de Setembro de 1960:
Já temos saudades suas. Quando volta? E a saúde, como vai? As suas
cartas dão-me a impressão de um certo desconforto físico e talvez moral. Se
assim é, faço votos sinceros por que depressa seja vencida essa crise. Não lhe
peço que se confesse, evidentemente, mas conte-me no número de pessoas a quem
os seus pesares ou alegrias tocam de muito perto. Ainda dizem que «longe da
vista, longe do coração»: pois eu hoje sinto-me mais seu amigo de que no dia da
sua partida
Carta de Miguéis para Saramago datada de 12 de Janeiro de
1961
Caí há dias das nuvens (e ainda não parei de cair) ao receber o
exemplar encadernado da tiragem especial! («Escola do Paraíso», nota do editor). Não fazia ideia nenhuma de que projectavam
esta grata surpresa, que o nosso contrato não prevê, e demonstra uma coragem
considerável da vossa parte. A capa está interessantíssima, melhor até que a da
Léah III, e tecnicamente mais bem
acabada. Peço-lhe que me dê esclarecimentos, poi o volume não traz indicação
(ao contrário da Léah especial) de
tiragem, assinatura de autor, numeração, etc. Bem sabe que eu sou mais
partidário da Perfeição que do Luxo!, e desejo estar ao alcance do público
menos abastado: é o que me preocupa quanto á farsa, que em comparação com a
Escola, custa muito mais cara. E por sinal, ainda não sei por que se vende: o
contrato não indica o preço, e este não vem na capa.
(…)
Diga-me, pelas suas alminhas, como vão saindo os livros, a reação dos
leitores e jornais, e o mais que se lhe oferecer. Se fazem já a segunda edição
da Escola, quantos exemplares vão tirar? Como isto alterou os termos do
contrato quero mandar-lhes a carta nele prevista para a reedição. Brevemente
voltarei a escrever. As ofertas aos sábios críticos são do vosso cuidado – eu só
faço as pessoais: - desculpem! Diz-me o castro Soromenho que a Arcádia vai
adoptar a foto-offset ou coisa parecida para as reedições.
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