O Orçamento do Estado é um documento vergonhoso, que privilegia os
grandes interesses - a banca e as eléctricas - em detrimento dos pobres e
remediados, que são todos os funcionários públicos com um salário de 600 euros
brutos. Um Orçamento que aumenta os gastos de funcionamento do próprio governo
em níveis vergonhosos (os gabinetes vão gastar mais 3,3 milhões de euros que em
2012, época em que o primeiro-ministro anunciava que a austeridade começava
dentro de portas), enquanto aniquila as pensões de reforma daqueles que
nasceram noutros anos de chumbo e se esforçaram por nos entregar um país mais
decente - e que agora sustentam os filhos desempregados por causa de uma
política económica cega que trava o crescimento, a procura interna e a criação
de emprego.
O que está em curso é o desmantelamento do país tal como o conhecemos,
a reboque de uma experimentação económica comandada por pessoas que não
elegemos (embora boa parte do governo em funções se identifique com o estoiro,
na certeza de que do alto dos seus cargos e futuros cargos em grandes empresas
nunca terão de se confrontar com as dificuldades do cidadão comum.
Ana Sá Lopes, jornal I.
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