quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

DESSE OLHAR QUE PRENDIA


Usava o cabelo, enquanto o teve, penteado para trás, bem fixo por causa da brilhantina (hoje, chama-se gel, abreviatura de geleia) que o segurava; a testa subia acima de uns olhos enormes, castanhos, de luz intensa e os lábios que desenhavam a boca eram muito, muito sensuais. A sua expressão de olhar era o que realçava a sua presença, estivesse ele onde estivesse. Imagino, pois, esse mesmo olhar numa expressão amorosa! Mesmo na sua velhice, que foi longa, fisicamente, qualquer pessoa que com ele estivesse conversando, deverá lembrar-se, por certo, desse olhar que prendia, que envolvia como num abraço muito quente, que adivinhava e interpretava para além do que era mais nítido e imediato. Eram surpreendentes, as conversas com os seus olhos.
Eram também belíssimas e faladoras, as mãos. Seria difícil não olhar para elas e não as apreciar.

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