IVAN O TERRÍVEL
NO ALENTEJO
Foi exibido pela primeira vez nesta aldeia
não longe do Torrão onde nasceu Bernardim
Ivan o Terrível O ecrã era um lençol enorme
estendido como um olho branco entre dois sobreiros
Os camponeses fitaram esse olho inquieto cheio
de sombras de lírios durante horas sem fim
Ou era que a eternidade concentrara
por detrás do pano o magnetismo do mundo
Muito mais tarde os camponeses regressaram
através da charneca Com eles ia o olho branco
levando-os pela mão E ajudava as crianças
a atravessar esperanças apenas de riachos
Chegaram por fim às suas cabanas Tarde
E pela primeira vez os homens esperaram que as mulheres
se descalçassem e se lavassem da poeira
do caminho Depois beijaram-lhes os pés
Os pares de namorados foram ainda procurar
résteas de um seco rio Num pequenino charco
procuraram em vão rosto de Ivan Mas ele ardia
alto e ardia ainda num céu de pano branco
não longe do Torrão onde nasceu Bernardim
Ivan o Terrível O ecrã era um lençol enorme
estendido como um olho branco entre dois sobreiros
Os camponeses fitaram esse olho inquieto cheio
de sombras de lírios durante horas sem fim
Ou era que a eternidade concentrara
por detrás do pano o magnetismo do mundo
Muito mais tarde os camponeses regressaram
através da charneca Com eles ia o olho branco
levando-os pela mão E ajudava as crianças
a atravessar esperanças apenas de riachos
Chegaram por fim às suas cabanas Tarde
E pela primeira vez os homens esperaram que as mulheres
se descalçassem e se lavassem da poeira
do caminho Depois beijaram-lhes os pés
Os pares de namorados foram ainda procurar
résteas de um seco rio Num pequenino charco
procuraram em vão rosto de Ivan Mas ele ardia
alto e ardia ainda num céu de pano branco
Alexandrea
Pinheiro Torres em Poemas Com Cinema, antologia
organizada por Joana Matos Frias, Luís Miguel Queiroz, Rosa Maria Martelo,
Assírio & Alvim, Lisboa Novembro de 2010
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