terça-feira, 27 de dezembro de 2016

OLHARES


Há 70 anos, no nº 30 da Avenida Guerra Junqueiro, a Mexicana abriu portas.

Um dos símbolos das Avenidas Novas, zona-menina-bonita dos olhos do salazarismo.

Uma lindíssima casa, concebida e decorada com gosto, o charme dos anos 50/60, mas que nos últimos tempos tem sofrido diversas alterações que não a beneficiaram, bem pelo contrário.
  
Não houvesse a circunstãncia de estar considerada com imóvel de utilidade pública, e o crime seria bem mais desastroso.

A Praça de Londres, a Avenida de Roma, chegaram a constituir uma respeitável concentração de cafés e pastelarias.

Desse conjunto resta a Mexicana e, já perto da Avenida dos Estados Unidos, o Vá-Vá e a Luanda.

Tudo o resto, pelos motivos mais diversos, fechou portas.

É assim que se envelhece…

Não havia ida ao Cinema Star ou ao Cinema Londres sem uma paragem, antes ou depois, na esplanada da Mexicana.

A efeméride é motivo para ir buscar um velhinho texto do Jorge Listopad:

Não sei porquê, mas habitualmente em Dezembro, a alguns dias ou semanas antes da ditadura directa do Natal, regresso, se possível, num dia solarengo, à Mexicana. Matar saudades? Saudades de quê? O repouso anual do guerreiro, nesse café arquitectonicamente, na sua época bem pensado (este ano um tanto restaurado e limpo), hoje o ninho da terceira idade com o passado modernista das Avenidas Novas. Portanto, acomodo-me, tomo a bica e “croissant perfeito, para depois continuar nesta balbúrdia entre Marks &Spencer e os livros da Barata. Muito a observar: a cidade.

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