Entre 1933 e 1974 os serviços de censura das ditaduras de Salazar e Marcelo Caetano censuraram mais de 3300 livros, proibiram milhões de palavras nos artigos e notícias de jornais e revistas.
O jornalista e poeta José
Viale Moutinho disse um dia:
«Recordo-me ter lido
umas instruções aos inquisidores que diziam, mais ou menos, isto acerca dos
livros em exame: se houver algo a cortar, é cortar essas partes insidiosas,
porém, se a obra não apresentar, a uma primeira leitura, nada de censurável,
então deve ser totalmente proibida a sua edição, pois isso apenas pode
significar que a insídia se encontra completamente disfarçada.»
O
Diário de Notícias continua a publicar uma série de depoimentos de gente
diversa que lembra, onde estava e o que fazia, há 50 anos.
Hoje,
foi a vez de Alice Vieira que lembrou parte do que a censura lhe cortou nos
jornais em que trabalhou. Reparem neste perfeito disparate censório:
«Quando
Grace Kelly veio a Portugal, escrevi que era filha de um pedreiro. A censura
cortou porque, evidentemente, uma princesa não podia ser filha de um pedreiro.»
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