domingo, 28 de janeiro de 2024

CONVERSANDO

Entre 1933 e 1974 os serviços de censura das ditaduras de Salazar e Marcelo Caetano censuraram mais de 3300 livros, proibiram milhões de palavras nos artigos e notícias de jornais e revistas.

O jornalista e poeta José Viale Moutinho disse um dia:

«Recordo-me ter lido umas instruções aos inquisidores que diziam, mais ou menos, isto acerca dos livros em exame: se houver algo a cortar, é cortar essas partes insidiosas, porém, se a obra não apresentar, a uma primeira leitura, nada de censurável, então deve ser totalmente proibida a sua edição, pois isso apenas pode significar que a insídia se encontra completamente disfarçada.»

O Diário de Notícias continua a publicar uma série de depoimentos de gente diversa que lembra, onde estava e o que fazia, há 50 anos.

Hoje, foi a vez de Alice Vieira que lembrou parte do que a censura lhe cortou nos jornais em que trabalhou. Reparem neste perfeito disparate censório:

«Quando Grace Kelly veio a Portugal, escrevi que era filha de um pedreiro. A censura cortou porque, evidentemente, uma princesa não podia ser filha de um pedreiro.»

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