Por fim, escreve-se imaginando
que o leitor sabe
ler.
Movendo-me em
torno do informe
entoo em silêncio
um pensamento
ritmado, sempre o
mesmo talvez.
Palavras e ligamentos
dão colorido ético
à nova musical,
materializando-se,
o que é o mais
importante. Resta
voltar aí
repetidamente, a
esses poucos versos
iniciais. Torturá-los,
interrogá-los,
pô-los sob tensão,
até que descubro
o tom justo, o
verdadeiro enigma
que, ligado ao
núcleo, exclui
o erro. Até que as
possibilidades
intrínsecas ao
ponto de partida
se tornam
individualizadas
segundo as minhas
forças. Núcleos
rítmicos visíveis:
a magia
do poema a
formar-se.
Fumo um cigarro,
tento pensar agora
Noutra coisa, mas
sorrio
Estimulado pelo
meu segredo.
Escreve-se
imaginando um leitor
Que saiba ler.
Farrapos.
Paulo da Costa Domingos, em Resumo: a
poesia em 2010.
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