A Sonata a Kreutzer é um curto romance de Tolstói publicado em 1889.
Será um dos livros mais antigos da
Biblioteca da Casa.
Publicado pela Livraria Guimarães na Rua do
Mundo, hoje Rua da Misericórdia, mas sem qualquer indicação da data em que foi editado.
Encadernação amadora, imagem do topo, do meu
avô que, seguindo as instruções do meu pai, conservou a capa original do livro.
O livro tem a assinatura de posse do meu
pai.
Ainda antes de ser o leitor em que me constituí,
o meu pai avisara que não se colocam assinaturas, ou carimbos de posse, nos livros.
Quatro viajantes permaneceram sempre na
carruagem: uma mulher de meia idade, cigarro na boca, gorro na cabeça, seu
marido, também um sujeito idoso, boné de Astrakan, uma camisa com bordados
russos, homem de poucas palavras, lia e fumava, volta e meia preparava uma
chávena de chávena de chá, iremos saber que se chama Pozdnychev e que mantém
com o narrador um longo monólogo, quase diálogo à volta de uma epígrafe do
Evangelho Segundo São Mateus: «Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha
para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu
coração».
Pozdnychev matara a mulher e, se já
transportava em si uma enorme solidão, piorou.
«O homem é muito
pior do que o animal, quando não vive como homem. Foi o que se deu comigo. Como
resistia à tentação, que, sobre mim, podiam exerecer outras mulheres,
julgava-me um homem honesto e digno. E acusava minha mulher de fazer do nosso
lar uma sucursal do inferno.
E comtudo, a culpa
não era della, mas da educação que havia recebido. Educação egual devem receber
todas as raparigas da nossa sociedade.
Ha muito quem se
queixe da forma porque a mulher é educada. Ha muito que deseje dar-lhe outra
orientação. Pura rethorica! Para educar a mulher, é necessário, primeiro do que
tudo, fazer compreender ao homem a verdadeira missão da mulher.
Emquanto o homem a
destinar para seu regalo e prazer, a educação da mulher será o reflexo dessas
idéas. Desde creança lhe ensinarão a fazer valer os seus encantos. Este
pensamento tornar-se-á preocupação, mais do que isso, acabrá por ser o único fim
da sua existência.»
O romance foi proibido na Rússia logo após a
sua publicação.
Surgiu uma versão mimeografada e, apesar da
fúria dos censores russos, foi amplamente divulgada.
Em 1890, o Departamento Postal dos
Estados Unidos proibiu o envio de jornais contendo partes serializadas da
obra. Isto foi confirmado pelo Procurador-Geral dos Estados Unidos no
mesmo ano. Theodore Roosevelt classificou Tolstoi como um “pervertido sexual".
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