dos que se enforcam que dizer
sobretudo dos que
se enforcam
nos candeeiros e
nas árvores
e dos caminhantes
solitários
e dos velhos na
agonia então
e dos padres
bebendo bebendo
dos espíritos que
deambulam
ou dos cadáveres
ressequidos
dos desenhos de
alfred kubin
suas casas de
terríveis ratos
a cólera a anarquia
dos corvos
o próprio
crucificado de 1903
os nus de gólgota
do ano de 1920
e o pescador dos
monstros do lago
os decapitados e
os serrados
o horroroso quarto
crescente
agripina e as
adorações finais
cavalgando a morte
chicoteando
toda esta escrita
sangue a sangue
folha a folha o
álbum de alfred
kubin como a
flauta de um morto
a mão final sobre
os rostos de
quem já nada tem
para arrastar
até as neves se
avermelham já
e depois resta-nos
ir à Áustria
é lá que estão os
meus desenhos
José Viale Moutinho em Piano Bar
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