quinta-feira, 19 de julho de 2018

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Na Nota Preliminar que Mécia, mulher de Jorge de Sena, escreveu para os 80 Poemas, conta que este projecto da tradução dos poemas de EmilyDickinson, era um velho sonho de Sena.

Em 1962 destinavam-se a ser publicados em separata para a revista Bandarra, organizada por Egito Gonçalves, mas nunca foram publicados.

Em 1967, com um acréscimo de poemas traduzidos, foi enviado à Portugália Editora «onde não teve melhor sorte».

Em Julho de 1968 os direitos autorais foram cedidos à Editorial Inova mas tudo ficou no esquecimento.

Em Janeiro de 1978 as Edições 70 prontificaram-se a publicar o livro, mas o poeta viria a morrer em Junho desse mesmo ano.

Só em Outubro de 2010 os 80 Poemas de Emily Dickinson, traduzidos por Jorge de Sena, teriam a sua publicação incluídos nas Obras Completas que a Guimarães passou a publicar, tarefa a que a Editora se dedicou sem grande carinho e entusiasmo. Diga-se.

Que o projecto era muito querido a Jorge Sena, provam-no as muitas referências feitas a essas traduções que se podem ler na Correspondência que trocou com Eugénio de Andrade., ao todo 22 notas.

A Inova chegou a andar às voltas com os poemas de Dickinson, juntamente com a tradução dos poemas de Cavafy. Estes saíram, os de Dickinson não tiveram essa sorte. E como Sena tereia ficado feliz com essa publicação.

Em 3 de Junho de 1969, Sena escrevia a Eugénio:

«Mas estou francamente inquieto até hoje não recebi, de ti ou da Inova, notícia de ter chegado a Emily Dickinson, que mandei pouco antes do Cavafy e nem a respeito deste ou dela recebi da Inova qualquer comunicação. Que se passa ou não se passa?»

Em 22 de Dezembro de 1970, mais um lamento:

«E era preciso que essa Inova se lembrasse da minha pobre Emily Dickinson que há tantos anos sempre se vê editorialmente preterida.»

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