quarta-feira, 11 de julho de 2018

OLHAR AS CAPAS


O Enigma do Sapato Holandês

Ellery Queen
Tradução: Lino Vallandro
Capa: Cândido Costa Pinto 
Colecção Vampiro nº 14
Livros do Brasil, Lisboa, 1948

O alter ego do Inspector Richard Queen, que apresentava surpreendentemente contraste com a sua disposição costumeira, lépida e prática, frequentemente o levava a emitir observações didácticas sobre a criminologia em geral. Essas reflexões professorais eram habitualmente dirigidas a seu filho e sócio nas investigações criminais, Ellery Queen, nas ocasiões em que ambos se encontravam tomando qualquer alimento diante da lareira da sala de estar, e sós, sem contar com a sombra fugidia de Djuna, o espectral garoto cigano que lhes tendia às necessidades domésticas.
- Os primeiros cinco minutos são os mais importantes – dizia severamente o velho; - lembra-te disso. – era o seu teme predilecto. – Os primeiros cinco minutos podem poupar-nos uma porção de incómodos.
E Ellery, criado desde a meninice num regime de conselhos detectivescos, resmungava, chupava o cachimbo e cravava os olhos no fogo, imaginando quantas vezes um investigador teria a fortuna de encontrar-se no local dum crime dentro de trezentos segundos após a sua perpetração.
Expressava, então, as suas dúvidas, e o velho assentia tristemente com a cabeça – sim, não era muito frequente deparar-se tamanha sorte. No momento em que o investigador chegava ao local, já o rasto estava frio, muito frio. De modo que se fazia o possível para compensar a maliciosa lentidão do destino, - Jjuna, dá cá o meu rapé.

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