O Enigma do Sapato
Holandês
Ellery Queen
Tradução: Lino
Vallandro
Capa: Cândido Costa
Pinto
Colecção Vampiro nº
14
Livros do Brasil,
Lisboa, 1948
O alter ego do
Inspector Richard Queen, que apresentava surpreendentemente contraste com a sua
disposição costumeira, lépida e prática, frequentemente o levava a emitir
observações didácticas sobre a criminologia em geral. Essas reflexões
professorais eram habitualmente dirigidas a seu filho e sócio nas investigações
criminais, Ellery Queen, nas ocasiões em que ambos se encontravam tomando
qualquer alimento diante da lareira da sala de estar, e sós, sem contar com a
sombra fugidia de Djuna, o espectral garoto cigano que lhes tendia às necessidades
domésticas.
- Os primeiros cinco
minutos são os mais importantes – dizia severamente o velho; - lembra-te disso.
– era o seu teme predilecto. – Os primeiros cinco minutos podem poupar-nos uma
porção de incómodos.
E Ellery, criado
desde a meninice num regime de conselhos detectivescos, resmungava, chupava o
cachimbo e cravava os olhos no fogo, imaginando quantas vezes um investigador teria
a fortuna de encontrar-se no local dum crime dentro de trezentos segundos após
a sua perpetração.
Expressava, então, as
suas dúvidas, e o velho assentia tristemente com a cabeça – sim, não era muito
frequente deparar-se tamanha sorte. No momento em que o investigador chegava ao
local, já o rasto estava frio, muito frio. De modo que se fazia o possível para
compensar a maliciosa lentidão do destino, - Jjuna, dá cá o meu rapé.
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