Este poema respira. Em seus
flancos
circula o sangue por artérias novas.
Rasgo-lhe a boca e beijo-o. Dou-lhe os olhos
selvagens e esta inocência que é
a sua vida eterna. Entre os
salgueiros
esconde o corpo e o sexo recentes.
Há um cheiro a resina, um cheiro vivo
a sémen, sangue, suor, a
flor carnívora.
Este poema é macho. Olhai
seus músculos
retesos, suas ancas, seus artelhos,
seu sexo erecto, seu púbis, seus mamilos.
A primeira seta do sol fere-lhe os olhos.
Vede-o agora de rosto entre as mãos limpando
a sujidade materna com o seu pranto.
José Terra
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