O Verdadeiro Oeste
Sam Sheppard
Tradução: António
Feio
Capa: João Botelho
Edições Cotovia,
Lisboa, Outubro de 1992
Lee: Nunca pensei qu’a velhota fosse tão desconfiada.
Austin: Porque é que dizes isso?
Lee: Esta manhã dei uma volta por aí. Tem cadeados em o tudo qu’é
sítio. Cadeados pequenos, cadeados duplos, cadeados com correntes… O que é
qu’ela terá assim tão valiosos?
- Austin: Antiguidades. Sei lá.
Lee: Antiguidades? Trouxe tudo o qu’havia na outra casa. Toda tralha
que costumávamos ter à nossa volta, lembras-te? Pratos e talheres…
Austin: Para ela devem ter calor sentimental.
Lee: Valor sentimental. Pois! É quase tudo lixo. Ainda por cima,
imitações foleiras. Gravuras do Idaho, coladas na loiça. Diz-me lá: quem é que
gosta de comer num prato com o Estado de Idaho, feito estúpido, a olhar pr’a
gente? Cada vez que se dá uma garfada, vê-se mais um bocado do estado…
Austin: Bom, para ela devem ter um significado especial, senão não
tinha ficado com eles.
Lee: Pois, mês eu é que não gosto de levar com o Idaho nas ventas
quando ‘tou a comer. Quando ‘tou a comer, ‘tou em casa. ‘Tás a perceber? Não
ando p’raí a planar, ‘tou em casa! Não preciso de pensar no Idaho. Passo muito
bem sem isso.
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