Há um rio oculto de lágrimas correndo entre mim e o mundo.
Nem sei qual de nós dois chora.
A versão sonora do filme ainda não foi revelada
e os fantasmas fazem gestos como se falassem,
mas só chega até nós o silêncio.
Apago no vidro do relógio as lágrimas de ninguém
e os ponteiros sorriem:
estão parados e só as lágrimas caminham à volta do mundo.
Um rio de lágrimas dentro e fora do mundo,
um rio de lágrimas que não lava o sofrimento de ninguém
e vai descendo contra a mão a calçada do tempo.
(1955)
Adolfo Casais
Monteiro em Cadernos do Meio Dia nº 1
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