Era o último amor. A casa fria,
os
pés molhados no escuro chão.
Era
o último amor e não sabia
esconder
o rosto em tanta solidão.
Era
o último amor. Quem adivinha
o
sabor breve pela escuridão?
Quem
oferece frutos nessa neve?
Quem
rasga com ternura o que foi verão?
Era
o último amor, o mais perfeito
fulgor
do que viveu sem as palavras.
Era
o último amor, perfil desfeito
entre
lumes e vozes e passadas.
Era
o último amor e não sabia
que
os pés à terra nua oferecia.
Luís
Filipe Castro Mendes
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