segunda-feira, 4 de setembro de 2023

ERA O ÙLTIMO AMOR

Era o último amor. A casa fria,

os pés molhados no escuro chão.

Era o último amor e não sabia

esconder o rosto em tanta solidão.

 

Era o último amor. Quem adivinha

o sabor breve pela escuridão?

Quem oferece frutos nessa neve?

Quem rasga com ternura o que foi verão?

 

Era o último amor, o mais perfeito

fulgor do que viveu sem as palavras.

Era o último amor, perfil desfeito

entre lumes e vozes e passadas.

 

Era o último amor e não sabia

que os pés à terra nua oferecia.

 

Luís Filipe Castro Mendes

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