O caderninho de capa vermelha, Isto Anda Tudo Ligado continua a alimentar estes Percursos.
«Antes
de tudo, no meio de tudo, para além de tudo, o som de um long-play dos Beatles
ouvido religiosa e solitariamente na rua Dona Luísa de Gusmão, à noite.»
Por
este texto ficam perguntas: dos seus itinerários em
que vila ou cidade fica a Rua Dona Luísa de Gusmão, que disco dos Beatles ouvia
o Eduardo?
Quanto ao disco arrisca-se o Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, um
dos grandes discos dos rapazes de
Liverpool.
Quando eu tiver sessenta e quatro anos e
de repente uma sombra pairando sobre nós.
E por esse disco um pedacinho de uma
crónica do Manuel António Pina que falhou o dia em que Paul McCartey fez 64
anos, um domingo, andou pelos armários e não encontrou o vinilzinho, «talvez se tenha desvanecido para sempre num
fundo e longínquo lugar, de mim ou da casa, onde não me é dado alcançar.»:
«No
entanto, na minha cabeça (e, principalmente, no meu coração) ouço ainda, talvez
mais nitidamente que nunca, agora que eu próprio sou (quase…) «sixty four» e
que também eu fui «envelhecendo» e «perdendo cabelo»): Will
you still need me, /Will you setill feed me, /When I’m Sixty-four?» Como o Sergeant Peppers todos de algum modo
somos «corações solitários» e todos temos algures, dentro de nós, uma banda
melancólica tocando velhas canções. Cantarolamos de novo «When I’m
ixty-four» e «suddendly/there’s a shadow hanging over us», e descobrimos que o que estamos a cantar é de facto «Yesterday».
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