segunda-feira, 11 de setembro de 2023

FIDELIDADE

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim

como a só presença com que me perdoas

esta fidelidade ao meu destino.

Quanto assim não digas é por mim

que o dizes. E os destinos vivem-se

com outra vida. Ou como solidão.

E quem lá entra? E quem lá pode estar

mais que o momento de estar só consigo?

 

Diz-me assim devagar coisa nenhuma:

o que à morte se diria, se ela ouvisse,

ou se diria aos mortos se voltassem.

Jorge de Sena em Poemas Escolhidos

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