terça-feira, 12 de setembro de 2023

ODE

Agenda, meu desforço,
subtil celeridade com que esqueço
os termos de ser moço
nos tempos que feneço.

De que me vingas tu, senão
de não ser de compras e de festas
mas de ir comprando pão?
Agenda que me emprestas

mas não me dás nem vendes,
que me vestes gravatas e coletes,
me afagas, me consolas, me defendes.
Fecho-me a sete chaves nas retretes

e assento em ti palavras que desvivo
no rio de que rio aguadamente.
E assim me liberto se me esquivo
Habilidoso e rente.

Pedro Tamen em Tábua das Matérias

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