Câmara Reys, num livrinho sobre Eça de Queiroz,
escreve:
«Eu
vi o enterro de Eça de Queirós, ao passar sob o Arco da Rua Augusta, e soube
depois que Fialho saíra no Rossio, da porta da Mónaco, a comer um pãozinho de
sanduiche, e rir, para ver desfilar o magro, modestíssimo cortejo, tendo
forjado, com felinas delícias, o artigo publicado no Portugal-Brasil, o célebre
artigo que começa por um verdadeiro uivo de chacal: “Último duma irmandade de
tuberculosos, que se foi mais ou menos elegantemente para as borolências do
túmulo…”».
«Após um impasse de
quatro dias, o Supremo Tribunal Administrativo decidiu esta segunda-feira que
não há razão para travar a trasladação dos restos mortais do escritor José
Maria Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, mas a decisão ainda não é
definitiva e por isso será marcada nova data para a cerimónia.
No despacho, o juiz Adriano Cunha não dá razão aos seis bisnetos que
apresentaram uma providência cautelar para travar a trasladação, dizendo que
eles são a minoria e que a maioria dos bisnetos é favorável. O juiz disse
também que não é possível apurar nada escrito de Eça de Queiroz sobre a sua
vontade quanto ao lugar onde queria ficar sepultado.
Há 22 bisnetos de Eça de Queiroz vivos: seis estão contra, 13 estão a favor e
três não tomaram posição. Os seis contra entregaram, na semana passada, uma
providência cautelar para impedir a trasladação. No requerimento, pediram
também o “decretamento provisório”, uma urgência dentro da urgência. A decisão
desta segunda-feira não é a final, é apenas a resposta ao pedido de urgência,
que tem um prazo de 48 horas.»
Legenda: Estátua de Eça de Queiroz, da autoria de Teixeira Lopes, no Largo Barão de Quintela, em Lisboa.
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