sábado, 30 de setembro de 2023

A TRASLADAÇÃO DE EÇA PARA O PANTEÃO NACIONAL


Câmara Reys, num livrinho sobre Eça de Queiroz, escreve:

«Eu vi o enterro de Eça de Queirós, ao passar sob o Arco da Rua Augusta, e soube depois que Fialho saíra no Rossio, da porta da Mónaco, a comer um pãozinho de sanduiche, e rir, para ver desfilar o magro, modestíssimo cortejo, tendo forjado, com felinas delícias, o artigo publicado no Portugal-Brasil, o célebre artigo que começa por um verdadeiro uivo de chacal: “Último duma irmandade de tuberculosos, que se foi mais ou menos elegantemente para as borolências do túmulo…”».

Sobre a trasladação de Eça para o Panteão, sirvo-me de um artigo, assinado por Bárbara Reis, e publicado no Público de 25 de Setembro:

«Após um impasse de quatro dias, o Supremo Tribunal Administrativo decidiu esta segunda-feira que não há razão para travar a trasladação dos restos mortais do escritor José Maria Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, mas a decisão ainda não é definitiva e por isso será marcada nova data para a cerimónia.


No despacho, o juiz Adriano Cunha não dá razão aos seis bisnetos que apresentaram uma providência cautelar para travar a trasladação, dizendo que eles são a minoria e que a maioria dos bisnetos é favorável. O juiz disse também que não é possível apurar nada escrito de Eça de Queiroz sobre a sua vontade quanto ao lugar onde queria ficar sepultado.


Há 22 bisnetos de Eça de Queiroz vivos: seis estão contra, 13 estão a favor e três não tomaram posição. Os seis contra entregaram, na semana passada, uma providência cautelar para impedir a trasladação. No requerimento, pediram também o “decretamento provisório”, uma urgência dentro da urgência. A decisão desta segunda-feira não é a final, é apenas a resposta ao pedido de urgência, que tem um prazo de 48 horas.»

Legenda: Estátua de Eça de Queiroz, da autoria de Teixeira Lopes, no Largo Barão de Quintela, em Lisboa.

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