O Homem do País Azul
Manuel Alegre
Capa: José Antunes
Círculo de Leitores,
Lisboa, Junho de 1990
- Não acredito nesta história, tu não és palestiniano.
- Quem sabe – respondeu -, já te disse que sou de um país azul. Pode
ser a Palestina. A Palestina é um país azul.
À noite entregou-me um poema intitulado Palestina. Estava escrito em português:
Há um nome para escrever
Entre uma ferida e outra ferida
Um nome como não haver
Outro lugar para a vida
Há um nome para dizer
Onde só morte se diz
Um nome como não haver
Outro nome de país
Há um nome para morrer
Entre uma esquina e outra esquina
Um nome para nascer
Sobre o cerco e a ruína
Um nome como não haver
Outro sonho e outra sina
Senão a força de ser
Palestina.
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