O Relógio Falante
Frank Gruber
Tradução: Fernando de
Castro Ferro
Capa: Cândido Costa
Pinto
Colecção Vampiro nº
81
Livros do Brasil, Lisboa s/d
O velho Simon Quisenberry ia morrer. Não passava dos setenta e quatro
anosmas o seu coração estava demasiadamente cansado, e uns dois anos atrás o
dr. Wykagl dissera-lhe que tinha apenas seis meses de vida. Portanto enganara o
médico por dezoito meses.
Não teria outro mês de vida. O velho Simon sabia-o, e continuava
sentado na sua cadeira de rodas a ouvir o tic-tac dos relógios à medida que
estes iam contando os poucos momentos que lhe restavam. Tinha mil relógios e
todos lhe contavam a mesma história. Cada tic um segundo, sessenta tics um
minuto, mil tics um milhar de segundos… Não. Mil tics não representavam mais de
um segundo.
Simon olhou os relógios com uma expressão preocupada. Estavam a
complicar-lhe a vida. Malditos relógios. Tinha-lhes dedicado toda a sua existência
e agora, no fim, estavam a atraiçoá-lo. Estavam a apressar a sua vida, o seu
fim – depressa, sem parar, demasiado cedo.
Sem comentários:
Enviar um comentário