O Meu Anjo Catarina
Alexandre
Pinheiro Torres
Capa: Júlia
Pintão
Editorial
Caminho, Lisboa, Setembro de 1998
Tito daria a vida para não confessar que ele e o pai
se haviam perdido. Já não era a primeira vez. Audaciano, o rei dos heróis,
andava sempre bêbado. Tão bêbado que se gabava saber de tudo e de todas as
coisas e a ter sempre razão. E, sabendo de tudo, com rara e onerosa demasia,
não se preocupava com nada. Estaria agora espapaçado no divã, farto de beber, a
roncar como um porco no chiqueiro. Um marinheiro sem bússola! Declarara,
Vendi-a, Perdi-a, ou roubaram-ma, não preciso doutra para nada, não sabe mais
do que eu, basta-me cheirara donde sopra o vento. A velha Alberta tinha razão.
Ele e o pai eram apenas dois pedaços de esterco a flutuar nas águas, tão mortos
como aquele homem de braço decepado que haviam visto no dia anterior.
Sem comentários:
Enviar um comentário