Mais ou menos há
um ano, quando a Organização Mundial de Saúde revelou ao mundo, a existência de
um vírus, a que chamou Covid-19, datou o seu aparecimento no dia 27 de Dezembro,
na China, mais propriamente na cidade de Wuhan.
Lembra-se de, idiotamente,
ter dito que aquilo era longe, muito longe, e que os chineses resolveriam o
problema.
A 30 de Janeiro, a Organização Mundial de Saúde lançou
um desesperado alerta sobre os riscos do coronavírus, e havia apenas 82 casos,
e nenhuma morte, fora da China.
No dia 23 de
Fevereiro leu no Público que se
registaram, devido ao vírus, duas mortes e seis dezenas de infectados.
Porra!, mas a Itália não é tão longe como a China!...
A 11 de Março a
Organização Mundial de Saúde declara o mundo em pandemia.
Em Portugal, a
primeira morte ocorre a 16 de Março.
Determinam-nos
confinamento.
No último dia de escola, os professores escreveram
no quadro: «Vamos ficar Todos Bem».
As crianças trouxeram a mensagem para casa, algumas fizeram desenhos e colaram nos vidros das janelas.
O vírus tinha galgado todas as fronteiras.
Hoje, Portugal
regista 9.920 mortes e no mundo, esse número atinge os 2.111.560.
Um dia, sempre um
dia, saberemos quem sabia o quê, desde quando, como deixaram que isto, assim se
propagasse.
Chove como ele
gosta que chova.
Gosta de ficar
em casa quando assim chove.
Mas não gosta
que o estupor de um vírus o obrigue a ficar em casa.
Como o dizia o
Almirante, num tal Verão quente: «não
gosto de ser sequestrado… é uma cosa que me chateia, pá!...»
Lembra-se dos versos de um poema do Eugénio de Andrade:
«Que posso eu fazer senão escutar o
coração inseguro dos pássaros, encostar o coração, a minha face ao rosto lunar
dos bêbados e perguntar o que aconteceu…»
Enquanto os dedos
percorriam o teclado, em fundo esteve o Adagio Sostenuto do Concerto Nr. 2 de
Sergei Rachmoninov.
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