Mayombe
Pepetela
Edição da União dos Escritores Angolanos, Luanda, Abril de 1981
Sem Medo mudou o carregador, no
momento em que apercebeu o soldado à sua frente, deitado na borda da estrada,
tentando febrilmente desencravar a culatra da G3. O soldado tinha-o visto, mas
a arma encravara. Sem Medo apontou a AKA. O soldado era um miúdo aterrorizado à
sua frente, a uns quatro metros, as mãos fincadas na culatra que não safara a
bala usada. Os dois sabiam o que se ia passar. Necessariamente, como qualquer
tragédia. A bala de Sem Medo abriu um buraquinho na testa do rapaz e o olhar
aterrorizado desapareceu. Necessariamente, sem qualquer dos sois pensasse na
possibilidade contrária.
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