quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


Continuam os dias tão difíceis, tão cruéis.

Dez meses de Covis-19 provocaram mais mortes em Portugal do que as baixas militares que sofremos nos três palcos de guerra em África.

O Hospital do Barreiro, devido ao número elevado de mortos, instalou contentores frigoríficos junto à morgue.

A Igreja católica suspendeu todas as missas.

Aos 82 anos morreu o Capitão de Abril Abrantes Serra que esteve na libertação dos presos políticos no Forte de Caxias.

Só nos últimos dias morreram dois médicos com Covid-19 que estavam a trabalhar, disse o bastonário da Ordem dos Médicos.

Alguém que lhe pergunte se ele sabe quantos trabalhadores portugueses que, devido ao Covi-19, têm vindo a morrer.

A Lei da Eutanásia foi aprovada na especialidade com votos favoráveis do PS, BE, PAN, abstenção do PSD e votos contra do PCP e CDS.

Rui Rio lamenta que não se tivesse adiado as eleições presidenciais.

Escolas, creches e ATL encerrados durante duas semanas.

 

1.

 

O Padre Diniz da Luz, açoriano da ilha de São Miguel, poeta e jornalista, foi colega do Sr. Francisco de Freitas Santos, meu pai, em A Voz, jornal monárquico, católico e situacionista.

Era um benfiquista de não sei quantos costados. Basto conhecido por, na tribuna de imprensa do velho Campo Grande, vulgo Estância de Madeira, de batina vestida, chamar, em alto e bom som, cabrão, filho da puta, todos aqueles mimos com que o povinho mimoseia os árbitros num campo de futebol.

A escandaleira era de tal ordem que umas virgens ofendidas fizeram queixa ao Pedro Correia Marques, monárquico, católico, situacionista e director do jornal.

Foi-lhe retirada a credencial que a Federação dava aos jornais e permitia a entrada nos campos de futebol.

Para além de benfiquista, fumava desalmadamente e, em plena segunda guerra, apoiou os aliados.

Contava o meu pai, que quando o Benfica perdia e, naquele tempo o Benfica não perdia tanto assim, o Padre Diniz da Luz ouvia as lamúrias dos benfiquistas da redacção e adiantava.

«Pois é, estão chateados, também eu, mas vocês ainda têm mulher!...»


2.

O Governo japonês e o Comité Organizador garantiram a preparação dos jogos, apesar do aumento de casos de Covid-19 no mundo.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 arrancam a 23 de julho, mas cada vez mais a situação pandémica global põe em causa a sua realização.


3.

Para o romancista argentino, naturalizado canadiano, Alberto Manguel, que cedeu a sua fabulosa colecção de livros, qualquer coisa como 40 000 volumes, à cidade de Lisboa, a pátria é o lugar onde instala a sua biblioteca.

4.

Versos de um poema de José Carlos Barros:

«Às vezes pergunto o que fica dos livros, o que pertence e não pertence à literatura, o que acrescentaram à nossa vida as páginas dos romances.»

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