Continuam os dias tão difíceis, tão cruéis.
Dez meses de Covis-19 provocaram mais mortes em Portugal do que as baixas militares que sofremos nos três palcos de guerra em África.
O Hospital do Barreiro, devido ao número elevado de mortos, instalou contentores frigoríficos junto à morgue.
A Igreja católica suspendeu todas as missas.
Aos 82 anos
morreu o Capitão de Abril Abrantes Serra que esteve na libertação dos presos
políticos no Forte de Caxias.
Só nos últimos
dias morreram dois médicos com Covid-19 que estavam a trabalhar, disse o
bastonário da Ordem dos Médicos.
Alguém que lhe
pergunte se ele sabe quantos trabalhadores portugueses que, devido ao Covi-19,
têm vindo a morrer.
A Lei da
Eutanásia foi aprovada na especialidade com votos favoráveis do PS, BE, PAN,
abstenção do PSD e votos contra do PCP e CDS.
Rui Rio lamenta
que não se tivesse adiado as eleições presidenciais.
Escolas, creches
e ATL encerrados durante duas semanas.
1.
O Padre Diniz da
Luz, açoriano da ilha de São Miguel, poeta e jornalista, foi colega do Sr.
Francisco de Freitas Santos, meu pai, em A
Voz, jornal monárquico, católico e situacionista.
Era um
benfiquista de não sei quantos costados. Basto conhecido por, na tribuna de
imprensa do velho Campo Grande, vulgo Estância de Madeira, de batina vestida,
chamar, em alto e bom som, cabrão, filho da puta, todos aqueles mimos com que o
povinho mimoseia os árbitros num campo de futebol.
A escandaleira
era de tal ordem que umas virgens ofendidas fizeram queixa ao Pedro Correia
Marques, monárquico, católico, situacionista e director do jornal.
Foi-lhe retirada
a credencial que a Federação dava aos jornais e permitia a entrada nos campos
de futebol.
Para além de
benfiquista, fumava desalmadamente e, em plena segunda guerra, apoiou os
aliados.
Contava o meu
pai, que quando o Benfica perdia e, naquele tempo o Benfica não perdia tanto
assim, o Padre Diniz da Luz ouvia as lamúrias dos benfiquistas da redacção e
adiantava.
«Pois
é, estão chateados, também eu, mas vocês ainda têm mulher!...»
2.
O Governo japonês e o Comité Organizador garantiram a preparação dos jogos,
apesar do aumento de casos de Covid-19 no mundo.
Os Jogos
Olímpicos de Tóquio 2020 arrancam a 23 de julho, mas cada vez mais a situação
pandémica global põe em causa a sua realização.
3.
Para
o romancista argentino, naturalizado canadiano, Alberto Manguel, que cedeu a sua
fabulosa colecção de livros, qualquer coisa como 40 000 volumes, à cidade de
Lisboa, a pátria é o lugar onde instala a sua biblioteca.
4.
Versos de um poema de José Carlos Barros:
«Às vezes pergunto o que fica dos livros, o que pertence e não pertence à
literatura, o que acrescentaram à nossa vida as páginas dos romances.»
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