sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

HENRIQUE SEGURADO (1930-2021)

Henrique Segurado morreu no Dia de Reis.

Tinha 90 anos.

Foi poeta, jornalista e livreiro.

Foi ele que, em Lisboa, abriu as Livrarias Castil.

Lamento não ter registado as livrarias em que comprei livros.

Alguns lembro onde os comprei, outros têm o selo publicitário da livraria, outros não lembro nada e é algo que, pelo menos para mim, considero um elemento importante e que me ajudaria já não sei bem em quê.

Henrique Segurado tinha a discrição como lema de vida.

Um dia, ano de 1963, o meu pai trouxe para casa um livro: «Poesia Portuguesa do Pós Guerra».

Chamo-lhe a minha Bíblia poética, porque a partir dali, voei para um mais largo campo da moderna poesia portuguesa e, nesse voo, também não posso esquecer a colecção Poetas de Hoje da Portugália Editora.

Pois Henrique Segurado estava incluído nessa antologia.

Um dos três poemas escolhidos, chamava-se a Apologia dos Pequenos Nadas e nunca mais o esqueci:


No gerador central

Bem lá no fundo

Entalada

Numa certa cavidade

 

A asa de uma mosca

 

                Pequenina…

 

E falta a energia na cidade!

 

(Saibamos antever a nossa meta

No cadáver duma mosca incompleta!)

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