Henrique Segurado morreu no Dia de Reis.
Tinha 90 anos.
Foi poeta, jornalista e livreiro.
Foi ele que, em Lisboa, abriu as Livrarias Castil.
Lamento não ter registado as livrarias em
que comprei livros.
Alguns lembro onde os comprei, outros
têm o selo publicitário da livraria, outros não lembro nada e é algo que, pelo
menos para mim, considero um elemento importante e que me ajudaria já não sei
bem em quê.
Henrique Segurado tinha a discrição como
lema de vida.
Um dia, ano de 1963, o meu pai trouxe
para casa um livro: «Poesia Portuguesa do Pós Guerra».
Chamo-lhe a minha Bíblia poética, porque
a partir dali, voei para um mais largo campo da moderna poesia portuguesa e, nesse voo, também
não posso esquecer a colecção Poetas de Hoje da Portugália Editora.
Pois Henrique Segurado estava incluído
nessa antologia.
Um dos três poemas escolhidos,
chamava-se a Apologia dos Pequenos Nadas
e nunca mais o esqueci:
No gerador central
Bem lá no fundo
Entalada
Numa certa cavidade
A asa de uma mosca
Pequenina…
E falta a energia na cidade!
(Saibamos antever a nossa meta
No cadáver duma mosca incompleta!)
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