sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

OLHARES


Leu um texto no Largo da Memória e deixou um comentário, porque lhe veio à memória as noites de domingo quando o Helder Pinho, que veio a ser um excelente repórter de A Capital, esteve por lá desde o primeiro número, fez de tudo, até crítica a restaurantes como D. Pipas, acompanhava a Aida até Cacilhas, donde partia a camioneta que o levava até à recruta militar em Tavira, saía de Cacilhas à meia-noite, chegada a Tavira às 7 da manhã, ficávamos por ali a petiscar e ele sempre de livro de poesia na mão, a recitar, alto, poemas nos tascos e está nítida ainda essa noite, já lá vão 54 anos, em que levou os Poemas de Bertold Brecht e entre um penalty de tinto, molhando pão no molho dos berbigões à Bulhão Pato, e, olhando os restantes clientes do tasco, recitou alto:

 Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.

O Luís Eme haveria de publicar a fotografia que encontrara numa barca no Olho de Boi.

Como um dia disse o poeta: isto anda tudo ligado!

Legenda: fotografia de Luís Eme

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