A
Selva
Ferreira de
Castro
Livraria Editora
Guimarães, Lisboa 1954
Sêco
e vendido na cidadezita mais próxima o que sobejava da papança quotidiana, com
o produto o cabôclo adquiria sal, farinha e cachaça – e emquanto durasse a
fortuna vivia feliz e não voltava a trabalhar. A cachaça, para uso diário, e um
baile, de quando em quando, para desentorpecer as pernas, em qualquer barraca
das margens, constituíam as suas únicas aspirações.
O
resto era solidão profunda, uma vida encastoada na selva, alheia a todas as
inquietações do mundo, uma vida tão aparte, tão obscura e ignorada, que se
ficava a pensar num romance de misantropos que, contudo, não existia.
Quando
um navio passava à vista, a família inteira vinha especar-se no cimo do
barranco, a admirar o fugitivo sintoma da civilização, emquanto um dos garotos
descia a segurar a canôa, não fôssem as ondas desprende-la e a corrente
arrastá-la, de «bubuia», rio abaixo.
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