Há uma velha canção dos Talking Heads em que se diz: «Bem, como cheguei aqui?»
Não sei bem como cheguei, mas deu para voltar a ouvir as
badaladas da última noite do ano, da primeira manhã do novo ano, acreditando
que possa existir um rumo para os meus passos.
Mas chegam os gritos de que, no mundo, já morreram,
devido ao Corvid-19 1 833 435 pessoas, neste número estão incluídos 6 972
portugueses e no mundo estão contabilizados 84 281 336 pessoas infectadas.
Outros gritos: até junho, os mais ricos fizeram crescer,
num cenário de pandemia e subida do desemprego, as suas fortunas para um recorde
de 8,6 biliões de euros.
Não sei que pensar… não sei que fazer…
1.
Gonçalo M. Tavares sublinha os livros a lápis. Ele diz que esses livros sublinhados pesam mais. Porque o grafite do lápis aumenta o peso dos livros, não é um peso excessivo mas há uma diferença.
2.
Reportagem de Carlos
Cipriano no Público, à conversa com
Elísio Torres, trabalhador na cozinha e no restaurante do Sud-Express. Passou
mais consoadas no comboio do que em casa. Mil e sessenta quilómetros entre
Santa Apolónia e Hendaya.
Elísio Torres cozinhou para João Paulo II na sua primeira visita a Portugal em 1982. O almoço foi servido entre Coimbra e Braga: sopa, pescada fresca vinda directamente de Sesimbra cozida em água de um fontanário de Sintra, um rosbife com espinafres e puré de batata, vinho branco Aliança, rematado com uma aguardente.
3.
Um novo ano começou e Eduardo Cabrita continua sem apresentar a demissão de ministro da Administração Interna. Talvez ainda não tenha sentido ponta de vergonha.
4.
O cronista Pedro
Garcias, no Fugas, diz que um bom vinho pode fazer esquecer o sofrimento e a
vergonha:
«Prometo que esta crónica é sobre vinho e o que beber no Natal. Aliás, teria de ser mesmo sobre vinho, porque é cada masi difícil viver sem vinho. Só o vinho nos pode salvar deste ambiente pandémico-depressivo e, já agora, da vergonha que todos deveremos estar a sentir com a morte do cidadão ucraniano nas instalações sio Serviço de Estrangeiros no Aeroporto de Lisboa.
5.
A maior parte das
pessoas não gosta do bolo-rei por causa das frutas cristalizadas.
Pois do que eu gosto é daquele espectáculo das frutas por cima do bolo. Será bom, não será. Aqui já pouco importa, importa sim, aquele espectáculo das frutas cristalizadas.
6.
«Miss Y. não acredita no mundo para além de Nova Orleães; por vezes, a sua insularidade dá azo a comentários bastante congrangedores, como hoje sucedeu. Falei-lhe numa viagem recente a Nova Iorque, ao que ela, arqueando as sobrancelhas, respondeu gentilmente, «Ai sim? E como vão as coisas na província?»
Truman Capote em Os Cães Ladram
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