Memórias de Adriano
Marguerite Yourcenar
Tradução: Maria Lamas
Prefácio: Isabel
Alçada
Capa: Rui Garrido
Colecção Essencial nº
20
Leya/Livros RTP,
Lisboa, Janeiro 2018
Assegurei-lhe o futuro; ele não gosta da Itália; poderá realizar o seu
sonho que é voltar a Gádaros e abrir ali com um amigo uma escola de eloquência;
não tem nada a perder com a minha morte. E contudo, o frágil ombro agita-se
convulsamente sob as pregas da túnica; sinto sob os meus dedos lágrimas
deliciosas. Adriano terá sido humanamente amado até ao fim.
Almazinha, alma terna e flutuante, companheira do meu corpo, de que
foste hóspede, vais descer àqueles lugares pálidos, duros r nus onde terás que
renunciar aos jogos de outrora. Contemplemos juntos, um instante ainda, as
praias familiares, os objectos que certamente nunca mais veremos… Procuremos
entrar na morte de olhos abertos.
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