segunda-feira, 17 de outubro de 2022

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS

Quando chateado com o quotidiano, quando chateado com o mundo, José Cardoso Pires desabafava que a culpa era dos padres.

Ouvindo os disparates, os erros de análise de tudo e mais alguma coisa, que o bispo do Porto, o bispo de Leiria e Fátima bolsaram, há dias, sobre o drama sexual das crianças que se vive nas sacristias, podemos pensar o que andou gente como esta a ler, a pensar nos seminários, nos recolhimentos, nas secretas aulas eclesiásticas.

Tirando as citações da Bíblia que admito que as saibam, mas não chegam à sua  interpretação, revelam um analfabetismo arrepiante. Podem ter saído das aldeias onde nasceram, mas as aldeias nunca saíram dentro deles.

Há uma ínfima minoria que não é assim tão boçal e ignorante, diga-se.

José Saramago, confesso ateu, leu e interpretou muito melhor os textos que toda esta gente. Os sublinhados saramaguianos abordam a religião e têm Deus como alvo.

«Seria mais cómodo acreditar em Deus, mas escolhi o lugar da incomodidade.»

«Deus é uma criação humana e, como muitas outras criações humanas, a certa altura toma o freio nos dentes e passa a condicionar os seres que criaram essa ideia.»

Entrevista ao Expresso, 2 de Novembro de 1991

«Sou um ateu produzido pelo Cristianismo.»

Entrevista ao Jornal do Fundão

«As religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos. A história de uma religião é sempre uma história do sofrimento que se inflige, que se auto-inflige ou que se inflige aos seguidores de outra e qualquer religião. E isto parece-me de tal forma absurdo que creio mesmo que o lugar do absurdo por excelência é a religião.»

Diálogos Com José Saramago, Carlos Reis, pág. 144

«Para mim sempre foi muito claro: Deus não existe.»

Diálogos Com José Saramago, Carlos Reis, pág. 145

«Eu tenho umas contas pendentes com Deus, porque há coisas que não lhe perdoo, como a de supostamente existir, Não suporto a maldade e a hiprocisia que cresceram à sombra não só do cristianismo como das religiões em geral, que nunca serviram para unir os homens»

Entrevista ao jornal La Provincia, Março de 2009

«Como será possível acreditar num Deus criador do Universo, se o mesmo Deus criou a espécie humana? Por outras palavras, e existência do homem, precisamente, é o que prova a inexistência de Deus.»

Cadernos de Lanzarote, Vol. I, pág. 26 

1 comentário:

Seve disse...

-Sem Deus a minha obra ficaria incompleta

-Quem mata em nome de Deus converte este num assassino

"José Saramago -Nas suas palavras-