quarta-feira, 5 de outubro de 2022

CONVERSANDO

Olhamos lá longe, uma guerra que nos torna pesados os dias.

Começámos a viver com mais dificuldades.

Cabe-me as idas ao supermercado, á loja de frutas e vegetais dos nepaleses no prédio ao lado. A dúzia dos ovos a 2,40 euros, por Agosto ainda me lembro de os pagar a 2,10 euros.

- Como é isto, Chiva?...

- Senhor, faço a mesma pergunta ao fornecedor…

Os poemas de desamor de Pavese:

Para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e terá os teus olhos.
Será como abandonar um vício,
como ver no espelho
ressurgir um rosto morto,
como escutar lábios fechados.
Mudos, desceremos ao abismo.

Um lamento desenhado por João Miguel Fernandes Jorge, no dia 21 de Dezembro de 2012, uma sexta-feira:

 «Quando nos perdemos, resta o passado. O que já não existe é então a porta do caminho. Não porque me tenha perdido de outro, mas somente porque me deixei ficar, esquecido de mim mesmo entre as folhas de um caderno depois de percorridas muitas frases, como se fossem ruas de uma terra estranha, e entre essas páginas permanecesse semelhante a uma cobra em abandono da pele — concha onde a água já não corre para os lábios.»

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