Neste dia, há cem anos nascia José Fontinhas, mais conhecido por Eugénio de Andrade, um poeta único, o Geninho como dizia o José Leal Ferreira.
«Que
posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar o
coração, a minha face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu…»
Numa das crónicas que, semanalmente, publica no Expresso,
José Tolentino Mendonça começa assim:
«Em Portugal, que eu saiba, o melhor lugar para ouvir
as cigarras é a poesia de Eugénio de Andrade. Ao menos para mim representa o
sítio onde verdadeiramente as escutei pela primeira vez.»
Conheci Eugénio
de Andrade, corriam os primeiros meses do ano de 1967, nos Poemas, 23º
volume da excelente Colecção Poetas de Hoje da Portugália Editora, que comecei
a adquirir quando um livreiro aconselhou o meu pai que esse seria o melhor
caminho para conhecer boa parte da nova Poesia Portuguesa e Despedida é o
antepenúltimo poema do livro:
«Colhe
todo o oiro do
dia
na haste mais
alta
da melancolia.
Escreve Luís
Miguel Queiros no Público de hoje:
«… cem anos após o nascimento do poeta na freguesia de Póvoa de Atalaia, no
concelho do Fundão, e decorridas quase duas décadas desde a sua morte, em 2005,
a presença de Eugénio parece estar a esbater-se mais depressa do que poderia
esperar quem testemunhou a generalizada admiração de que gozou em vida, mesmo
que esta possa ter sido sempre um pouco menos consensual em Lisboa do que no
seu Porto adoptivo.»
Que se pode esperar
de um país em que poucos, mesmo muito poucos, são os que lêem livros?
O sobressalto de um número recentemente divulgado: 61% dos portugueses não leram qualquer livro impresso de espaço de um ano.
Um povo inculto apenas com os olhos para o que lhes aparece nos telemóveis.
E, no entanto, está tudo nos livros!
«Boa noite. Eu vou
com as aves», como diria o Eugénio.
Legenda: fotografia
de Paulo Pimenta no Público de hoje.
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