quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

OLHAR AS CAPAS


 À Noite Logo Se Vê

Mário Zambujal

Capa: Antunes

Círculo de Leitores, Lisboa, Setembro de 1986

Esquisito, não é? Noite clara, estrelada, riscadinha até de pirilampos, e agora, zás!, um nevoeiro assim. Parece algodão doce.

Por quê doce, querido?

Tudo é dpce quando tu estás.

Doçura tua, caramelo. Mas cuidado, Mino, olha a estrada.

Olhar eu olho, bombom, o problema é ver. Sabes, do olhar ao ver, vai distância.

Distância, pois: a que distância estaremos? Falaste em trinta quilómetros.

Trinta, quinze, oitenta e oito, tudo é relativo, Natinha. Os teus trinta e sete anos, recatados e adubadinhos de creme, valem bem vinte e três.

Agradecida. E isso, Mino, a propósito de quer?

Da subjectividade aritmética.

Poupa-me filho.

Ou seja: trinta quilómetros em nevoeiro de chantili equivalem a uns cinquenta com nevoeiro decente, setenta e cinco em caso de neblina e uma longa viagem com tempo bom.

Sem comentários: