Não gosto do título que o Jorge Calado escolheu para as suas memórias lisboetas, ribatejanas, oxfordianas: Mocidade Portuguesa.
Se perguntarem o porquê, nem sei bem explicar, e se
calhar nem tem a ver com o atentado de obrigarem rapazes e raparigas de 10 anos,
a seguirem pisadas totalizantes-nazi-fascistas para formar homens e mulheres novos ao serviço do regime salazarista.
Adiante.
Entrou logo na longa lista de «Livros a Comprar», era para o adquirir na Feira do Livro, mas a única
visita feita ao certame foi desastrosa.
Por Dezembro o filho
pediu livros para me oferecer como prenda de Natal.
Assim aconteceu.
Folhei-o, como sempre
gosto de fazer, mas o sentar para ler, após diversas ressacas natalícias,
aconteceu apenas na sexta-feira 13. A 18 estava pronto para entrar no «Olhar as Capas».
Seis dias para ler as 561 páginas de um livro notável que termina assim:
«Hoje sorrio quando penso em Oxford. Foi lá que começou o resto da
minha…»
E ficamos desde já à
espera de outro livro, para ficarmos a saber dos dias maravilhosos que são o resto dos trabalhos, dos gostos e vida
de um homem entusiasmante.
Continua na minha lista de »Livros a Comprar» , Um Vestido Curto de Festa do escritor francês Christian Bobin, que morreu, com 71 anos, noa dia 24 de Novembro do ano passado. A curiosidade nasceu depois de ler esta passagem na Antologia doEsquecimento:
Sim, para que serve ler?
Aqui estaríamos longas horas a falar disso.
«Vou contar um pouco de um mim, jovem adolescente e leitor dos livros da biblioteca ambulante. Escolher um livro quando se é pequeno e as estantes são altas, quando se é curioso e não se conhece bem como a literatura se apresenta, pode criar acontecimentos memoráveis. Ler Pascal e tentar percebê-lo com uma imaginação infantil. Requisitar "A Montanha Mágica" e sonhar, no caminho até casa, com uma leitura do género fantástico, ficar decepcionado mas mesmo assim ler até ao fim e com isso compreender a existência de mundos que estariam no futuro da vida por viver. Relê-lo muitos anos mais tarde porque se teve essa experiência na adolescência.»
2 comentários:
"Para que serve ler" - quantas vezes não me fizeram já essa pergunta...
A palavra MOCIDADE parece-me até estar consentânea com o conteúdo e intenção do autor e PORTUGUESA porque será, de algum modo, essa mesma que julgo que ele aborda. Só que a instituição marcou tanto uma determinada geração que quando a lemos associamo-la de imediato à organização em causa. Isto é o que eu penso, claro, não sei qual terá sido a intenção (se a houve) do Professor Jorge Calado.
Gostei deste livro, só não digo gostei muito deste livro porque coloquei as expectativas muito altas; li-o em quinze dias.
E depois o livro é, no aspecto físico/estético uma maravilha!
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