7 de Novembro de
1975
EXISTE OPINIÃO formada
de que o plano militar do 25 de Novembro começa com a destruição dos emissores
da Rádio Renascença, situados na Buraca.
A primeira e
última operação efectuada pelo AMI,
Pelas 4 horas e
40 minutos um grupo de sessenta homens, identificados como forças para-quedistas,
entraram no Centro emissor da estação, mandaram sair os trabalhadores que ali
se encontravam, colocaram duas bombas que destruíram completamente o sistema
transmissor da estação,
Os
acontecimentos da Buraca são considerados extremamente graves, constituindo, na
opinião de observadores militares, «o primeiro acto autoritário militar
violento» depois do 25 de Abril, o que pode significar o desencadear de uma
situação extraordinariamente delicada.
A operação foi
ordenada pelo Conselho de Revolução que enviou um comunicado para os jornais,
rádio e televisão:
QUASE QUATRO
HORAS durou o debate, ontem transmitido pela RTP, entre Álvaro Cunhal e Mário
Soares.
Mário Castrim,
no seu Canal de Crítica, escreve: quem tem olhos viu, quem tem
ouvidos ouviu.
Vergílio
Ferreira no seu Conta-Corrente:
Ontem, o grande
duelo na TV entre Cunhal e Mário Soares. Foi bom, para definir posições. O
importante foi que se exprimisse em voz pública o que os adeptos de cada um vão
rosnando por todo o lado em voz privada. Soares, mais subtil, mais livre de
movimentos. Cunhal, metido sempre nas calhas de um dizer estereotipado com o
nihil obstat em cada articulação. Lamenta-se que eles não tenham sido
objectivos, esclarecedores. Mas o ponto onde chegámos já não quer explicações:
quer é lambada, bons lances para se ganhar a contenda como num desafio de
futebol. O País nunca viveu de ideias, viveu sempre de impulsos. «Morra um
homem e fique fama», é um preceito popular.
- Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente –
Vergílio Ferreira.
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