22 de Novembro de 1975
Transcrição do
artigo que Mário Ventura Henriques,
escreveu para a edição de hoje do Diário de Notícias.
Jaime Neves foi
um dos muitos militares que, apenas por oportunismo, puseram as botas no MFA
Jaime Neves já
disse ao Presidente da República que os seus comandos querem isto na ordem.
Por «isto na
ordem» significa a demissão de Otelo e Fabião, desmantelamento das unidades
militares de Lisboa mais empenhadas na Revolução.
Reunido de
madrugada para apreciar a situação politico-militar, resultante da decisão do
VI Governo de cessar as suas funções, o Conselho da Revolução, reprovou a
atitude do governo que considerou não consentânea com as suas
responsabilidades para com o País e decidiu que, por intermédio do
primeiro-ministro, se consiga que retome o seu exercício normal até resolução
da crise actual.
O Conselho
aprovou a prorrogação do prazo de elaboração e aprovação da Constituinte por
mais 90 dias, respondendo a um pedido do Presidente da Assembleia Constituinte
Henrique Barros.
O Conselho da
Revolução dissolve definitivamente o AMI.
O Conselho já
nomeara Vasco Lourenço como comandante da Região Militar de Lisboa, mas como
grande parte dos comandantes das unidades militares de Lisboa não aceitaram
Vasco Lourenço, este, devido às circunstâncias, não aceitou o cargo.
O general Costa
Gomes, como não foi ele que efectuou esta nomeação, mas sim o Conselho da
Revolução, marcou nova reunião extraordinária deste órgão para a próxima
segunda-feira, onde irá ser, portanto, revista a posição tomada.
Vasco Lourenço,
numa entrevista, passada na televisão, há-de dizer que percebe o receio dos
homens do COPCON em relação à sua nomeação:
É que eles têm a certeza de que comigo não podem
brincar às revoluções!
Se eu assumir o
Comando da Região Militar de Lisboa vou meter as unidades na ordem, para o que
tenho naturalmente de substituir alguns dos seus comandantes.
Num comunicado
conjunto do Secretariado Provisório das Comissões de Trabalhadores da Cintura
Industrial de Lisboa e do Secretariado da Intersindical, pode ler-se:
Só um governo de esquerda poderá evitar o caos, a anarquia
e a guerra civil.
O General Altino
de Magalhães, governador militar dos Açores, ameaça:
Se o governo de Pinheiro de Azevedo cair, os Açores
tornar-se-ão independentes.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
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