domingo, 22 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975


 22 de Novembro de 1975

Transcrição do artigo que  Mário Ventura Henriques, escreveu para a edição de hoje do  Diário de Notícias.

Jaime Neves foi um dos muitos militares que, apenas por oportunismo, puseram as botas no MFA
Jaime Neves já disse ao Presidente da República que os seus comandos querem isto na ordem.
Por «isto na ordem» significa a demissão de Otelo e Fabião, desmantelamento das unidades militares de Lisboa mais empenhadas na Revolução.

Reunido de madrugada para apreciar a situação politico-militar, resultante da decisão do VI Governo de cessar as suas funções, o Conselho da Revolução, reprovou a atitude do governo que considerou não consentânea com as suas responsabilidades para com o País e decidiu que, por intermédio do primeiro-ministro, se consiga que retome o seu exercício normal até resolução da crise actual.

O Conselho aprovou a prorrogação do prazo de elaboração e aprovação da Constituinte por mais 90 dias, respondendo a um pedido do Presidente da Assembleia Constituinte Henrique Barros.

O Conselho da Revolução dissolve definitivamente o AMI.

O Conselho já nomeara Vasco Lourenço como comandante da Região Militar de Lisboa, mas como grande parte dos comandantes das unidades militares de Lisboa não aceitaram Vasco Lourenço, este, devido às circunstâncias, não aceitou o cargo.

O general Costa Gomes, como não foi ele que efectuou esta nomeação, mas sim o Conselho da Revolução, marcou nova reunião extraordinária deste órgão para a próxima segunda-feira, onde irá ser, portanto, revista a posição tomada.

Vasco Lourenço, numa entrevista, passada na televisão, há-de dizer que percebe o receio dos homens do COPCON em relação à sua nomeação:

É que eles têm a certeza de que comigo não podem brincar às revoluções!
Se eu assumir o Comando da Região Militar de Lisboa vou meter as unidades na ordem, para o que tenho naturalmente de substituir alguns dos seus comandantes.

Num comunicado conjunto do Secretariado Provisório das Comissões de Trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa e do Secretariado da Intersindical, pode ler-se:

Só um governo de esquerda poderá evitar o caos, a anarquia e a guerra civil.

O General Altino de Magalhães, governador militar dos Açores, ameaça:

Se o governo de Pinheiro de Azevedo cair, os Açores tornar-se-ão independentes.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

Sem comentários: