18 de Novembro
de 1975
É ESTE O TÍTULO,
a toda a largura da 1ª página, do Diário de Notícias.
A notícia
baseia-se num comentário de Pires Velosos, comandante da Região Militar do
Norte, à manifestação popular em Lisboa:
É preciso aproveitar a próxima quarta-feira para
acabar com essa insurreição.
O jornal avança
ainda que é provável que os oficiais que, face à posição assumida por sargentos
e soldados para-quedistas relativamente à explosão do emissor da Rádio Renascença,
poderão estar envolvidos na conspiração.
Comentando a
notícia, Franco Charais, membro do Conselho de Revolução e Comandante da Região
Centro, disse que os homens que estão no poder não precisam de dar golpes.
O General Otelo
Saraiva de Carvalho esteve reunido no Restelo com o major Melo Antunes e os capitães
Vasco Lourenço e Sousa e Castro, oficiais ligados ao Grupo dos Nove.
ARTUR PORTELA
FILHO, director do Jornal Novo, escreve:
Estão criadas as condições para a existência e o
antagonismo de dois Portugais. O Portugal Norte, que passa por socialismo
democrático. O Portugal Sul, que passa por comunista e extrema-esquerda.
AS CÚPULAS DO
PS, do PPD, do CDS, afincadamente, percorrem o país em comícios e manifestações
de apoio ao VI Governo Provisório.
Num comício em
Penafiel usaram da palavra Adriano Moreira, Rui Feijó, Manuel Alegre e Mário
Soares.
Adriano Moreira
denunciou as tentativas para as manobras golpistas em defesa da
celebérrima ditadura do proletariado para impor um socialismo de mordaça.
Manuel Alegre
salientou que se o Norte não fosse como é, a Revolução já tinha sido
destruída.
A encerrar o
comício, Mário Soares abordou problemas relacionados com o movimento de
violências que se vive e aos esforços desesperados do P.C. e dos seus
satélites para derrubar o VI Governo e instaurar, neste país, uma ditadura
militar comunista.
Aludiu, depois
às manipulações de que foram alvo os trabalhadores da construção civil, a
firmando a concluir, que não queremos cair numa guerra civil com a de
Espanha que se resumiu num milhão de mortos..Se se desse uma confrontação em
Portugal e uma guerra civil não era a esquerda que ia ganhar, mas a
extrema-direita e, porventura, cairíamos num novo fascismo.
Nós queremos evitar a guerra civil e, por isso,
dizemos aos militares que não podem continuar a ter um servilismo em relação ao
Partido Comunista e aos grupos esquerdistas minoritários, porque estes são os
grandes responsáveis pela situação de ruína que o País atravessa.
PARA UM FACTUAL acompanhamento
do que foi o caminho que Abril percorreu para chegar a Novembro, torna-se imprescindível
ler A Resistência, de José Gomes Mota.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
Legenda: caricatura de Baar publicada no Diário
de Notícias.
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