A Resistência
José Gomes Mota
Prefácio Sousa e
Castro
Capa: Luís
Ribeiro
Edições Jornal
Expresso, Lisboa Junho de 1976.
Na reunião das Laranjeiras – a última das reuniões
plenárias do Movimento antes do 25 de Novembro – tinha ficado assente de, ao
nível do Governo, ter de ser tomada uma atitude agressiva para pressionar o
poder militar e clarificar a sua posição frente do VI Governo Provisório.
A demissão colectiva ou uma suspensão temporária de
actividades tinham sido as medidas que obtiveram maior consenso, ainda que não
tenha resultado qualquer decisão em favor de uma ou de outra.
Na terça-feira, dia 18 de Novembro, como quase
habitualmente fomos almoçar ao Chocalho.
Este restaurante de Santos, uma descoberta de Melo
Antunes, oferece-nos a vantagem de utilizar uma improvisada sala de jantar, antiga
dispensa da casa, o que nos consente um total recato. Apareceram como
normalmente o Vítor Crespo, Vítor Alves, Mário de Aguiar, Costa Brás, Vasco
Lourenço, Melo Antunes e, como seu convidado, o Dr. Mário Soares.
O convite a Mário Soares justificava-se pela
necessidade de se fazer um ponto da situação política e conhecer de parte a
parte, »nove» e partido socialista, as perspectivas de acção concreta para se
tentar conseguir o reforço da autoridade do VI Governo. Após uma longa e vasta
troca de impressões, expus «apaixonadamente» a Mário Soares a ideia de se
provocar uma suspensão de actividades do Governo.
Esta atitude política porém só poderia resultar
verdadeiramente eficaz se colhesse inteiramente de surpresa os nossos
«adversários». Tomada ainda nestas circunstâncias seria, provavelmente, a
primeira vez, que a iniciativa e a surpresa eram inteiramente nossas.
Mário Soares acolheu a ideia com entusiasmo,
praticamente garantindo desde logo a adesão do seu partido, e manifestando a
convicção de que a ela adeririam com certeza o PPD e os Ministros
Independentes.
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