terça-feira, 10 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975



!0 de Novembro de 1975

PRIMEIRO ACONTECERA no Porto, depois em Faro e ontem chegou a vez de Lisboa.
Por iniciativa do PS., do PPD, do CDS, do PPM, teve lugar, no Terreiro do Paço, uma manifestação de apoio ao VI Governo.
Mário Castrim no seu Canal da Crítica, hoje, no Diário de Lisboa:
A principal preocupação parece centrar-se na defesa do VI Governo. Foi dito que o VI conta com o apoio da esmagadora maioria do povo português. Muito bem. Mas então por que o VI Governo não governa? Por que será que o Poder não pode?. A carga de plástico utilizada contra a Renascença não será a prova de um total divórcio entre as forças do Poder e as forças populares?
Não. Não se pode governar contra os trabalhadores. Esta é uma lição da História. Não se pode governar assim. Assim, só se pode reprimir. Com todos os perigos da escalada da repressão.
O Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo fez o seu discurso, numa das varandas do Ministério da Economia, no Terreiro do Paço, ladeado por Mário Soares e Sá Carneiro.

O jornal Poder Popular, órgão central do Movimento de esquerda Socialista, reproduz diálogos entre Soares e o Almirante. O jornal afirma que os diálogos foram recolhidos por «microfones indiscretos». São estes os diálogos:


A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA foi tema central de um inesperado Conselho de Ministros sob a presidência do Presidente da República e com a excepcional presença dos secretários-gerais do PS, do PPD e do PCP.
Às pressões internas, das forças à esquerda do PS, para que Portugal reconheça apenas a proclamação da independência do MPLA, e não as anunciadas pelos outros dois movimentos angolanos, UNITA e FNLA, juntou-se a condenação unânime dos partidos no poder nos novos países africanos: Moçambique, Guiné/Cabo Verde e são Tomé e Príncipe, reunidos em Lourenço marques sob a presidência de Samora Machel.

FREITAS DO AMARAL, citado pelo Diário de Notícias, num discurso em Tondela:
O processo de descolonização foi exemplarmente escandaloso.

JOSÉ SARAMAGO, no seu Apontamento no Diário de Notícias:
Amanhã, lembremos, será a independência de Angola. Até ao momento em que escrevemos, não é conhecida a posição final do Governo. As hesitações terão ido até ao fim, até ao derradeiro instante, e está bem que assim seja, num País em que a hesitação, tem sido a única constante política.


Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Novos Apontamentos de José Saramago.

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