PRIMEIRO ACONTECERA
no Porto, depois em Faro e ontem chegou a vez de Lisboa.
Por iniciativa
do PS., do PPD, do CDS, do PPM, teve lugar, no Terreiro do Paço, uma
manifestação de apoio ao VI Governo.
Mário Castrim no
seu Canal da Crítica, hoje, no Diário de Lisboa:
A principal preocupação parece centrar-se na defesa do
VI Governo. Foi dito que o VI conta com o apoio da esmagadora maioria do povo português.
Muito bem. Mas então por que o VI Governo não governa? Por que será que o Poder
não pode?. A carga de plástico utilizada contra a Renascença não será a prova
de um total divórcio entre as forças do Poder e as forças populares?
Não. Não se pode governar contra os trabalhadores. Esta é uma lição da História. Não se pode governar assim. Assim, só se pode reprimir. Com todos os perigos da escalada da repressão.
Não. Não se pode governar contra os trabalhadores. Esta é uma lição da História. Não se pode governar assim. Assim, só se pode reprimir. Com todos os perigos da escalada da repressão.
O
Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo fez o seu discurso, numa das varandas do
Ministério da Economia, no Terreiro do Paço, ladeado por Mário Soares e Sá
Carneiro.
O jornal Poder
Popular, órgão central do Movimento de esquerda Socialista, reproduz
diálogos entre Soares e o Almirante. O jornal afirma que os diálogos foram
recolhidos por «microfones indiscretos». São estes os diálogos:
A INDEPENDÊNCIA
DE ANGOLA foi tema central de um inesperado Conselho de Ministros sob a presidência
do Presidente da República e com a excepcional presença dos secretários-gerais
do PS, do PPD e do PCP.
Às pressões internas,
das forças à esquerda do PS, para que Portugal reconheça apenas a proclamação
da independência do MPLA, e não as anunciadas pelos outros dois movimentos
angolanos, UNITA e FNLA, juntou-se a condenação unânime dos partidos no poder
nos novos países africanos: Moçambique, Guiné/Cabo Verde e são Tomé e Príncipe,
reunidos em Lourenço marques sob a presidência de Samora Machel.
FREITAS DO
AMARAL, citado pelo Diário de Notícias, num discurso em Tondela:
O processo de descolonização foi exemplarmente
escandaloso.
JOSÉ SARAMAGO,
no seu Apontamento no Diário de Notícias:
Amanhã, lembremos, será a independência de Angola. Até
ao momento em que escrevemos, não é conhecida a posição final do Governo. As
hesitações terão ido até ao fim, até ao derradeiro instante, e está bem que
assim seja, num País em que a hesitação, tem sido a única constante política.
Fontes:
- Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Novos Apontamentos de José Saramago.
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