21 de Novembro de 1975
Depois da
destemperada decisão do governo de se auto suspender, o dia seguinte trouxe ainda
mais confusão ao já confuso panorama da vida portuguesa.
No Ralis, com a
presença do Chefe de Estado-Maior do Exército, general Carlos Fabião,
assistia-se a um revolucionário juramento de bandeira de 170 recrutas.
O compromisso
rompia com a tradição do código militar.
De punho fechado
os recrutas gritaram:
Nós, soldados, juramos ser fiéis à pátria e lutar pela
sua liberdade e independência. Juramos estar sempre, sempre, ao lado do povo,
ao serviço da classe operária, dos camponeses e do povo trabalhador. Juramos
lutar com todas as nossas capacidades, com voluntária aceitação da disciplina
revolucionária, contra o fascismo, contra o imperialismo, pela democracia e
poder para o povo, pela vitória da Revolução Socialista.
Um comunicado do
Conselho da Revolução informa que Vasco Lourenço substitui Otelo no comando da
Região Militar de Lisboa.
Sobre esta
decisão é importante ler o que José Gomes Mota escreve no seu livro A
Resistência quando realça que Otelo teria que sair do comando da Região Militar
de Lisboa por um oficial do Movimento:
A situação anárquica a que tinham chegado as unidades
do Exército aquarteladas em Lisboa, praticamente com a excepção das que eram
fieis ao Movimento, impunham que o oficial a ser escolhido pelo Movimento
tivesse um prestígio e uma coragem à prova das mais duras contingências.
Ninguém melhor do que Vasco Lourenço – o o eterno Capitão de Abril -, preenchia
estes requisitos e daí que o seu nome tenha surgido naturalmente a toda a
gente.
A exoneração de Otelo da Região Militar de Lisboa,
ainda que continuasse a exercer o Comando do Copcon ou viesse a ser mesmo
nomeado para o cargo de Vice-Chefe do EMGFA, representava seguramente um golpe
brutal do suporte militar dos dissidentes, particularmente neste caso, nos
românticos e anárquicos copconistas.
Entretanto uma
delegação de sargentos e oficiais dos comandos esteve, no Forte de S. Julião da
Barra, para entregar uma moção de solidariedade ao VI Governo.
A ANOP, citava
fontes de que o coronel Jaime Neves acompanhara a delegação.
Em entrevista ao
Diário de Notícias, Otelo Saraiva de Carvalho afirmava que a preocupação
maior do VI Governo era eliminar a esquerda.
É tornado
público um manifesto dos oficiais do COPCON, dirigido aos Soldados e
Marinheiros, à Classe Operária e ao Povo Trabalhador.
Fontes:
- Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- A Resistência de
José Gomes Mota
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