Leonard Cohen é
um abençoado santo do meu panteão musical.
Esta bonita capa
é do disco em que Jennifer Warnes canta canções de Cohen.
Jennifer tem
sido amiúde suporte – brilhante, também -
nos discos e nos concertos de Cohen.
Infelizmente,
esta sua aparição a solo não teve, pelo menos por aqui, a aceitação que bem
merecia.
Provavelmente
conhecem-na melhor no dueto que fez com Joe Cocker, tema Up Where We Belong
do filme Oficial e Cavalheiro e com Bill Medley, tema Time of your life
do filme Dirty Dancing.
Ela trata de uma
maneira simples e amável as canções de Cohen, ao ponto de este ter dito que First
We Take Manhattan saíu melhor que o original.
Cortesia do
mestre, cumplicidades várias, provavelmente ditas depois de uma épica e
caríssima garrafa de tinto, seguida de uma grande cigarrada.
No disco,
Jennifer faz dueto com Cohen em Joan of Arc e Cohen desenhou: Jenny Sings
Lenny.
Transcrevo o poema Famoso Impermeável Azul, servindo-me de uma tradução de José Alfredo Marques no seu livro 59 Canções de Amor e Ódio e Um Poema Sobre Portugal:
São quatro da
manhã
fim de Dezembro
Escrevo-te
agora,
só para saber se
estás melhor.
Nova York é fria
mas gosto do sítio
onde vivo
Há música na Rua
Clinton
durante toda a
noite.
Ouvi dizer que
estás a construir a tua casinha,
no mais fundo do
deserto.
Agora vives para
nada,
Espero que mantenhas
alguma espécie de recordações.
Sim, Jane voltou
trazendo um anel
do teu cabelo.
Disse que lho
havias dado
naquela noite em
que tencionaste abrir o coração.
Alguma vez
abriste o teu coração?
Oh, a última vez
que te vimos parecias ter envelhecido tanto!
O teu famoso
impermeável azul estava rasgado no ombro.
Tinhas ido `*a
estação esperar todos os comboios
e voltaste para
cas sem Lili Marlene
E convidaste a
minha mulher para uma centelha da tua vida.
Quando regressou,
já não era mulher de ninguém.
Imagino-te aí,
com uma rosa nos dentes,
um ladrão cigano
e escanzelado.
Sei que Jane
partiu.
Ela manda
cumprimentos.
Que te posso eu
dizer, meu irmão, meu assassino?
Que te posso eu
dizer?
Acho que vou
sentir a tua falta.
Acho que te
perdoo.
Estou contente
por teres surgido no meu caminho.
Se algum dia
voltares aqui,
por Jane ou por
mim,
o teu inimigo
está adormecido
e a sua mulher
livre.
Sim, E obrigado
pelo pesar que tiraste dos seus olhos.
Eu julgava que
era próprio,
e por isso nunca
tinha tentado.
E Jane voltou
trazendo um anel do teu cabelo.
Disse que lho
havias dado
naquela noite em
que tencionaste abrir o coração.
Sinceramente, L.
Cohen
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