terça-feira, 17 de novembro de 2015

FAMOUS BLUE RAINCOAT


Leonard Cohen é um abençoado santo do meu panteão musical.

Esta bonita capa é do disco em que Jennifer Warnes canta canções de Cohen.

Jennifer tem sido amiúde suporte – brilhante, também -  nos discos e nos concertos de Cohen.

Infelizmente, esta sua aparição a solo não teve, pelo menos por aqui, a aceitação que bem merecia.

Provavelmente conhecem-na melhor no dueto que fez com Joe Cocker, tema Up Where We Belong do filme Oficial e Cavalheiro e com Bill Medley, tema Time of your life do filme Dirty Dancing.

Ela trata de uma maneira simples e amável as canções de Cohen, ao ponto de este ter dito que First We Take Manhattan saíu melhor que o original.

Cortesia do mestre, cumplicidades várias, provavelmente ditas depois de uma épica e caríssima garrafa de tinto, seguida de uma grande cigarrada.

No disco, Jennifer faz dueto com Cohen em Joan of Arc e Cohen desenhou: Jenny Sings Lenny.


Transcrevo o poema Famoso Impermeável Azul, servindo-me de uma tradução de José Alfredo Marques no seu livro 59 Canções de Amor e Ódio e Um Poema Sobre Portugal:

São quatro da manhã
fim de Dezembro
Escrevo-te agora,
só para saber se estás melhor.
Nova York é fria
mas gosto do sítio onde vivo
Há música na Rua Clinton
durante toda a noite.
Ouvi dizer que estás a construir a tua casinha,
no mais fundo do deserto.
Agora vives para nada,
Espero que mantenhas alguma espécie de recordações.
Sim, Jane voltou
trazendo um anel do teu cabelo.
Disse que lho havias dado
naquela noite em que tencionaste abrir o coração.
Alguma vez abriste o teu coração?
Oh, a última vez que te vimos parecias ter envelhecido tanto!
O teu famoso impermeável azul estava rasgado no ombro.
Tinhas ido `*a estação esperar todos os comboios
e voltaste para cas sem Lili Marlene
E convidaste a minha mulher para uma centelha da tua vida.
Quando regressou, já não era mulher de ninguém.
Imagino-te aí, com uma rosa nos dentes,
um ladrão cigano e escanzelado.
Sei que Jane partiu.
Ela manda cumprimentos.
Que te posso eu dizer, meu irmão, meu assassino?
Que te posso eu dizer?
Acho que vou sentir a tua falta.
Acho que te perdoo.
Estou contente por teres surgido no meu caminho.
Se algum dia voltares aqui,
por Jane ou por mim,
o teu inimigo está adormecido
e a sua mulher livre.
Sim, E obrigado pelo pesar que tiraste dos seus olhos.
Eu julgava que era próprio,
e por isso nunca tinha tentado.
E Jane voltou trazendo um anel do teu cabelo.
Disse que lho havias dado
naquela noite em que tencionaste abrir o coração.
Sinceramente, L. Cohen

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