Quando, a
propósito do editor Figueiredo Guimarães, lembrei a revista Almanaque,
estava longe de imaginar que a ela, tão cedo, voltaria.
E por boas
razões.
Acontece que,
ontem, já a noite ia larga, li no Tempo das Cerejas que o Público publicara,
na quinta-feira, a edição fac-simile do 1º Número da Almanaque.
Hoje, corri ao
Kioske do Abdul a tempo de apanhar um exemplar da revista.
Correndo atrás
da Karen Blizen, vou escrever:
Eu tive exemplares da Almanaque…
Falava do Parque
Mayer, do que em redor havia, e garatujei:
Lembro-me que havia um alfarrabista à direita, logo que se entrava no parque, onde comprávamos aqueles livros distribuídos pela Agéncia Portuguesa de Revistas que metiam histórias do FBI e outras cowboyadas e que, juntamente com Salgaris Walter Scotts, Júlios Verne, ajudaram, alguns de nós, a criar hábitos de leitura.
Nesse
alfarrabista, uns anos mais à frente, comprei, por tuta e meia, uma mão cheia
de Almanaques, mais tarde emprestados ao Carlos Alberto.
A Almanaque foi
uma revista mensal, o primeiro número saíu em Outubro de 1959, o último em Maio
de 1961, e tinha como chefe de redacção José Cardoso Pires (A minha ideia
era fazer uma revista que não respeitasse ninguém e fosse o mais sacana
possível), que, entre whiskadas e cigarradas, dirigia uma equipa composta
por Alexandre O’Neill, Luís Sttau Monteiro, Augusto Abelaira, José Cutileiro,
Baptista-Bastos, Vasco Pulido Valente, com grafismo de Sebastião Rodrigues,
mais tarde de João Abel Manta.
Não mais tive
notícias do Carlos Alberto e, naturalmente, dos Almanaques também
não.
Talvez um duplo
do Carlos Alberto…
Alguém escreveu,
ou disse, que não se devem emprestar nem mulheres, nem livros.
Porque as
mulheres voltam sempre os livros é que não.
A capa da Almanaque
está aí em cima e fica também a Nota de Abertura escrita, com fino humor,
por Figueiredo Magalhães:
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