O Desporto na Poesia Portuguesa
Pesquisa,
selecção e notas: José do Carmo Francisco
Capa: António
Carmo
Edição do
Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Lisboa, Dezembro de 1989
Lamento dum
Coração Espectador
Via primeiro num campo de pó – era o jogo
Tardes inteiras entre o rio e a estrada
As camisolas mesmo no Inverno eram fogo
Aos domingos os jogos eram «tudo ou nada».
Via depois num campo rodeado só de casas
Perto de fábricas numa vila da periferia
Pássaro pesado sem grande peso nas asas
Fugia da escola – para jogar na alegria.
Apanhado no preço do bilhete do «peão»
Finalmente viu o jogo num estádio relvado
Os olhos no campo – sem olhar a multidão
O regresso a casa como se fosse cansado.
Só lamenta agora que cada vez mais leis
Procurem marcar os golos judicialmente
Num futebol sem relva – só com papéis
Nos gabinetes longe do coração da gente.
Poema de José do
Carmo Francisco
2 comentários:
Simplesmente fabuloso. Assim escreveu um grande poeta. Eu que sou um fâ incondicional de futebol, adorei o poema, o qual, diz grandes verdades
Domingo feliz
Bonito!
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