Agora é como depois de um enterro.
Deixa-me neste leito, do
tamanho do meu corpo,
Junto à parede lisa, de
onde brota um sonho vazio.
A noite desmancha o pobre
jogo das variedades.
Pousa a linha do horizonte
entre as minhas pestanas,
e mergulha silêncio na
última veia da esperança.
Deixa tocar esse grilo
invisível,
- mercúrio tremendo na
palma da sombra -
deixa-o tocar a sua música,
suficiente
para cortar todo arabesco
da memória...
Cecília Meireles em Antologia Poética
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