Dito
já que começaram as iniciativas que visam
registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei
pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um
parágrafo, aquilo que constitui os milhares de sublinhados que, ao longo
dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam
a Biblioteca da Casa.
Continuo a lamentar que a Porto Editora,
a Fundação José Saramago, quem quer seja, ainda não tenha começado a publicar a
correspondência que José Saramago manteve com os seus pares e também com os
seus leitores.
Sobre a correspondência com os seus
leitores, disse José Saramago:
«Tenho
milhares de cartas e costumo dizer que a obra completa de um escritor só estará
realmente completa publicando-se uma selecção das cartas dos leitores porque –
fala-se tanto da teoria da recepção – é naquelas carta que se vê realmente o
que é a recepção.
No que respeita às centenas de entrevistas
que Saramago deu ao longo da vida, não há qualquer referência dada pela Porto Editora,
a Fundação José Saramago, quem quer que seja.
Recorde-se que Mécia, mulher de Jorge de
Sena, teve o c cuidado de publicar a correspondência que o marido manteve, bem
como as muitas entrevistas que deu.
As entrevistas de Saramago, que eu
saiba, apenas tiveram divulgação por parte dos entrevistadores que as
promoveram: Conversas com Saramago
por iniciativa de José Carlos de Vasconcelos e Por Saramago por iniciativa de Anabela Mota
Ribeiro.
Os sublinhados de hoje debruçam-se sobre
as entrevistas dadas por Saramago a José Carlos de Vasconcelos. O primeiro em
que é abordado o romance História do
Cerco de Lisboa, que amanhã tarei aqui:
«…há
uns três ou quatro anos, estando na Caminho a conversar com a minha revisora, a
Rita Pais (cujo nome, aliás, aparece numa enunciação de nomes de de revisores
de editora de que se fala no Cerco, é uma homenagem), e ela pergunta-me: «Então
quando lança um livro?» eu respondi: »Um dia destes, estou a pensar nisso», e
no meio da conversa, a Rita tem uma frase a que na altura não liguei
especialmente: «Dos revisores é que nunca ninguém se lembra». Passaram os
meses, e a certa altura começa a desenhar-se dentro de mim a personagem do
revisor. Portanto, há uma ideia, um motor inicial, que tem 15 anos, ou coisa
que o valha; e há depois uma espécie de «cristilização», que parte de uma frase
tão corrente como é «dos revisores é que ninguém se lembra». A partir daí
começo a pensar a minha personagem.».
O segundo sublinhado é um repisar da
ideia da publicação da correspondência dos e com os leitores:
3 comentários:
Curioso: está a comparar Mécia de Sena com a D. Pilar?
Continuo a confiar na Pilar. De qualquer modo, a ver vamos...
Caro Rui Figueiredo: Longe de mim qualquer ideia de comparar Mécia de Sena com Pilar del Rio.
Apenas referia o trabalho que Mécia realizou com a obra de Jorge de Sena, especialmente no tocante à publicação da correspondência e das entrevistas do marido, comparado com o que, nesses campos, ainda não foi feito com José Saramago, seja isso responsabilidade de Pilar del Rio ou da Fundação José Saramago a que preside.
Devo dizer que tenho pouca simpatia por Fundações sejam elas do que forem, de quem forem.
Caro Seve. no que fundamentalmente confio, é na obra de José Saramago.
Não conheço pessoalmente Pilar del Rio e, por motivos muito vários, e muito meus, não me causa simpatia.
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