28 de Agosto de 2003
Um
dia destes, em Lisboa, sentei-me a ler o jornal no Jardim da Parada, em Campo
de Ourique. Velhos conversavam ou jogavam cartas sob as árvores, crianças
corriam no parque infantil, uma mulher tirava de um saco de plástico restos de
pão que lançava às pombas e aos pardais. Pus de parte o jornal e ali fiquei,
durante horas, sem fazer absolutamente nada senão respirara (e com que lentidão
ociosa é possível respirara num jardim!), enquanto as vozes da grande cidade
febril se desvaneciam distantemente dentro e fora de mim.
Os
jardins são, nas nossas cidades, os poucos lugares onde existe tempo e espaço
para a permanência e para o ser.
Manuel
António Pina em Crónica, Saudade da
Literatura
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