Dito
já que começaram as iniciativas que visam
registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei
pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um
parágrafo, aquilo que constitui os milhares de sublinhados que, ao longo
dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam
a Biblioteca da Casa.
Os trabalhos em que me meti, com estes sublinhados saramaguianos, não estão a ser fáceis.
Provavelmente a ideia era interessante, com fácil concretização, se
os livros não estivessem largamente sublinhados.
É
o caso deste excelente livro/conversa de Saramago com Arias.
Mas
terei que interromper o caminho porque de repente, era provável que estivesse
até ao Natal às voltas com o livro. Em tempos de pandemia há que prevenir o
cansaço dos viajantes do blogue.
Voltarei
a este livro, mas por agora, fico-me por uma pausa e por uma resposta solta de
Saramago:
«Repara, entre a criança de hoje e a criança que foste, a diferença é total, porque as crianças de hoje são completamente diferentes. Há crianças que não sabem o que é uma galinha, imagino que pensam que o leite sai dessas embalagens que se compram no supermercado e não sabem que há uma vaca por trás. Por outro lado, sabem tudo sobre a informática e quase nem sequer precisaram de a aprender, intuem-na imediatamente, relacionam-se naturalmente com uma máquina. Sempre houve rupturas, mudanças tecnológicas, o que acontece é que essas mudanças eram lentas e o processo de adaptação fazia-se com naturalidade, mas a brusquidão, a rapidez com que as mudanças se produzem agora faz com que estejas sempre atrasado em relação ao que acontece. Impedem a sua assimilação, pelo menos a pessoas como eu.»
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