Morreu
o poeta António Osório.
Poeta
do amor e da fulguração, dos afectos e dos silêncios.
Sem
ainda saber da sua morte, foi um poema de António Osório que escolhi para a
apresentação da capa da revista Granta
nº3. Como diz Carlos Vaz Marques no prefácio deste número da revista:
«António
Osório o poeta da gratidão escolheu a Granta para retornar aos versos, após um
longo interregno em prosa.»
David
Mourão-Ferreira, em 1981, escreveu que «António
Osório constitui um dos casos mais notáveis da moderna poesia portuguesa, já
pelo tom de voluntária surdina em que a sua voz efectivamente corresponde aos
valores expressos nos própios títulos dos seus livros. Com efeito, a sua poesia,
partindo geralmente de uma «raiz afectuosa» que nunca deixa de mostrar-se visível
ao nível do texto, afirma-se pela demarcação de um «lugar de amor» em que se
patenteia uma reiterada recusa ou «ignorância da morte», graças à qual
fantasticamente convivem, no espaço do poema, os mortos e os vivos, o passado e
o presente, a memória e o quotidiano numa teia subtil de sugeridas relações ou
de perturbantes contrapontos.»
A
Raiz Afectuosa
Com
os anos
a
pouco e pouco
a
raiz afectuosa
penetrou
no
fundo da terra
até
chegar
ao
mais pequeno
e
mais antigo
veio de lágrimas.
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